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terça-feira, 12 de janeiro de 2010
Opacidade de um velho brilho
A quatro passos da esquina, recuo. A três metros da felicidade, o choro. À duas palavras do pedido, o pensar. A um segundo do olhar, um desencontro. Já fui de pensar que viver seria optar por euforia, por constantes suspiros provenientes do cansaço de pular e de gritar o nome de alguém, mas inúmeros foram os motivos que me fizeram recuar, chorar, repensar e desencontrar-me. Quando eu pensava que ao acordar sentiria os braços do sol atravessando minha janela, eu via uma tempestade que desordenava toda a fotografia do meu sonho do meu dia sucessor. Quando eu pensava que ao sair de casa veria crianças meladas de barro brincando na rua, eu as via brincando de esperar a bondade dos outros para que suas mãos se lotassem de moedas que não acumulavam mais que um real. Quando eu pensava que o amor era divino, bondoso e único, eu o via sendo trocado por liberdade, por egoísmo. Depois de ir e vir, senti que a água barrenta da tempestade lá fora, entrou no meu humilde universo particular até então brando, e hoje sinto o gosto amargo da realidade, que na minha inocência da década passada era o bicho papão do qual meus adultos tanto me abraçaram para eu não ter medo, porém eles também faziam parte desse pesadelo. Contudo, não os digo que sou infeliz, até porque não existem motivos justos, sou um tanto alegre e eufórica, porém uma eterna calculista, que hoje não mais daria a troco de banana o peito para apontar-lhe o temido tiro.
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